Qualidade dos dados (2)

Conforme já apresentado no artigo Qualidade dos dados, a construção das representações geográficas dos tipos ponto, linha e polígono precisa ser realizada com critérios e procedimentos adequados.

Neste artigo, iremos tratar de outras questões importantes na organização de dados espaciais, utilizando como exemplo a representação de talhões de fazendas produtoras de cana-de-açúcar (Figura 1).

Figura 1 – Representação de talhões de cana-de-açúcar

As dicas abaixo são destinadas, principalmente, aos usuários de softwares CAD que realizam a exportação de seus mapas DWG ou DXF para formatos utilizados pelos softwares de geoprocessamento (Shapefile, por exemplo).

  1. Conteúdo

Rascunho: é importante que os arquivos CAD não tenham rascunhos ao serem exportados ou convertidos para outros formatos (shapefile, KML etc.).

As figuras 2 e 3 apresentam dois exemplos de arquivos CAD com rascunhos importados para um software de geoprocessamento.

Na Figura 2, os poligonos da esquerda estão corretos e representam uma fazenda. Do lado direito, são polígonos que não deveriam fazer parte do arquivo CAD. Esses rascunhos precisam ser excluídos.

Figura 2 – Rascunho de uma fazenda (lado direito)

No exemplo da Figura 3 não é possível identificar se a fazenda a ser considerada é a de cima ou a de baixo.

Figura 3 – Rascunho de uma fazenda

  1. Georreferenciamento

Fora de posição: o uso de uma imagem de satélite pode facilmente identificar se a fazenda foi georreferenciada corretamente.

O exemplo da Figura 4 mostra que o polígono da fazenda não foi criado de forma correta e está fora de lugar.

Figura 4 – Fazenda fora de lugar

Fora de proporção: neste caso, a falta de proporção pode ser verificada quando uma parte fazenda está corretamente georreferenciada e outra não.

As setas em vermelho na Figura 5 indicam a parte da fazenda fora de posição.

Figura 5 – Fazenda fora de proporção

  1. Geometrias

Linhas com excesso de pontos: a representação geográfica de linhas e polígonos precisa conter o mínimo possível de nós ou vértices. Isso é importante para facilitar uma série de atividades, tais como análise espacial, atualização das geometrias, armazenamento das informações no banco de dados.

O exemplo da Figura 6 mostra um excesso de nós em todo o polígono do talhão.

Figura 6 – Nós do polígono

Sobreposição de pontos: no momento da criação das representações geográficas do tipo linha e polígono, pode acontecer o duplo clique do mouse no mesmo local.

O ponto duplicado (Figura 7) precisa ser identificado e excluído, para que a geometria seja utilizada sem erro em outras operações nos softwares de geoprocessamento.

Figura 7 – Sobreposição de pontos

Sobreposição de polígonos: a sobreposição de talhões (polígonos) acontece com frequência no momento em que fazendas elaboradas em arquivos CAD diferentes são agrupadas.

Na Figura 8, a sobreposição indicada pela seta vermelha aconteceu porque o polígono da esquerda, que faz parte de outro arquivo CAD, não está posicionado corretamente.

Figura 8 – Sobreposição de polígonos

Anel: os talhões, em muitos casos, possuem ilhas formadas por vegetação, lagoa ou pedreira. É importante que essas ilhas sejam representadas com a construção de um anel.

Na Figura 9, a imagem superior indica a representação de um anel de forma não adequada e a de baixo a opção correta.

Figura 9 – Construção de anel

A organização adequada da representação geográfica é importante para ajudar nas seguintes questões:

  • Operações entre geometrias (diferença, recorte e intercessão de áreas, por exemplo);
  • Realização correta de cálculos (área, perímetro, distância, etc.);
  • Redução do tamanho (bytes) do arquivo da geometria (SHP, KML, etc.), para melhorar o desempenho dos softwares de geoprocessamento e outros sistemas na Internet.

Verifique outras informações sobre a organização de dados geográficos no artigo Qualidade dos dados.